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Como entregar em áreas de difícil acesso?

Por: ti@urbansummer.com.br - 16/07/2019

Como entregar em áreas de difícil acesso?

A eficiência do processo logístico demanda não só o entendimento da distância geográfica, das características do produto e dos custos da operação. Compreender a realidade sociopolítica e ambiental é tarefa fundamental quando se trata de locais de risco ou de difícil acesso, como as favelas.

Durante o Intelipost Connection, evento de logística que aconteceu no mês de junho, um consenso estabelecido foi de que é necessária uma filosofia de aproximação com as comunidades para que se possa entregar nessas áreas com qualidade e, inclusive, reduzir custos.

“Há alguns anos fomos procurados por empresas para encontrarmos soluções para otimizar suas entregas em favelas. Fizemos alguns estudos e entendemos que haviam duas oportunidades ali: aproximação e faturamento”, afirmou André Duarte, pesquisador do Insper.

André foi um dos palestrantes a defender a redução de preocupações com escolta, por exemplo, na medida em que essa prática aumenta o preço das entregas e gera um clima de hostilidade com a população.

“É preciso entender que as favelas são um ponto específico e os processos lá dentro são diferentes, com suas particularidades”, explicou o pesquisador. “Fizemos uma parceria com a CUFA (Central Única das Favelas), por exemplo, que foi fundamental para levantarmos os dados. Você só vai conseguir fazer negócios em favelas se envolver parceiros lá de dentro. Quando se sentem parte do negócio e percebem que será benéfico também a eles, acolhem muito bem a parceria”, completou.

Nesse contexto, um exemplo de sucesso foi o da Natura. Através de parcerias com ONGs, a empresa diminuiu em 80% os problemas de entrega em todo o país, numa comparação com os números do ano de 2016. Contratar entregadores que moram nos próprios locais considerados de difícil acesso, por exemplo, foi uma das medidas adotadas.

“Entendemos que o contato da empresa com os colaboradores deve ser amigável, e não mais ostensivo. Tanto que cortamos 60% das escoltas e, com isso, conseguimos reduzir o custo dos pedidos em 15%, com 110 mil famílias impactadas”, disse Flávio Amaral, responsável de supply chain e operações logísticas da Natura.